O corte de cabelo raspado do lado, ou sidecut, ganhou o público e muitas mulheres estão utilizando esse penteado. Mas o que tem por trás disso tudo?
O corte começou a aparecer nos anos 80 no cenário punk, principalmente em mulheres.
O que poderia ser interpretado como ato de revolta e rebeldia, na verdade revela-se um ato, no início de vergonha, mas depois de superação. O que acontecia é que muitas dessas mulheres que frequentavam grupos de punks, vielas escuras e becos à noite, sofriam de abusos nas mãos de seus companheiros.
Elas sempre estavam em menor número, no meio de vários marmanjos, que muitas vezes drogados, partiam para cima delas para tentar violentá-las. O estupro, como muitos sabem, não é só apenas a penetração sem consentimento. A mulher não fica parada submissa, esperando pelo seu algoz. Então ela sofre lesões por todo o corpo, principalmente nos braços, sem falar das lesões graves nas genitálias.
Mas um ponto especial para manter o domínio sobre a vítima é o cabelo. E nas diversas tentativas de fugir da presa do estuprados, mechas são arrancadas, ferindo até o couro cabeludo. Depois do terrível crime ser cometido, e a mulher ser resguardada por profissionais, no hospital já há um acompanhamento psicológico e psiquiátrico.
E com resquícios do pensamento feminista herdado dos anos 70, esses agentes sociais decidiram aconselhar estas mulheres a mudar o seu cabelo. Elas, mesmo após esse trágico acontecimento, ainda se identificavam como punks, e não iriam querer perder a sua identidade. Como solução, os psicólogos aconselharam-as a cortar o cabelo do lado, para disfarçar as mechas arrancadas do lado mais atingido, e continuando com a aparências agressiva que era o punk.
Muitas e muitas mulheres eram atendidas por esses psicólogos, e muitas saiam de lá com a cabeça erguida e cortada do lado, para enfrentar este mundo sujo. E com a nova onda de feminismo nessa última década, elas decidiram resgatar esse corte em suas pacientes.
Então, se você ver uma amiga sua com o cabelo cortado ao lado, talvez ela seja uma possível vítima de estupro, que merece força e respeito, e não pena.